segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Abrindo a janela

Não se explica muitos poemas, assim como não se explica muitas obras de arte (não é uma regra), pois é por si só uma obra cheia de questionamentos e particularidades.
Hoje não precisei sair para criar o que muitas vezes é preciso viver antes de fazer, porém estava na dúvida se ainda me encontrava viva ou morta ou uma morta-viva.
Bastou abrir a janela para provar um pouco do vento, um simples ato condicionado, seguido de um muro em minha frente o que me fez surgir palavras e aquele sentimento inexplicável, dizendo que ainda estava respirando e podia continuar o dia.


O que adianta abrir a janela,
pra tentar enxergar,
essa minha liberdade cega,
se há essa massa de concreto,
que endurece ainda mais com o tempo?
Vejo algumas folhas se movendo,
inquietas, tentando ir contra o vento.
Vejo pássaros apoiando-se em antenas,
acreditando estar em galhos,
voando rápido para provarem
ao máximo de sua liberdade,
que ainda não se sabe ao certo...
o que é?
Mas para não serem pegos
rapidamente,
Somem em meio ao céu.
E os que estão em gaiolas?

Lê.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

A pior violência

Sempre rodam no facebook fotos de ativismo virtual. Pessoas revoltadas com guerras, violências, manipulação midiática. Logo, todo mundo se torna ativista de várias causas.

Recentemente tem rodado uma de uma moça que matou um cachorro. O facebook em peso se colocou contra o assassinato do animal. Claro, realmente é revoltante ver esse tipo de coisa e a impunidade (o que seria 'adequado' fazer neste caso??) rolando solta. Mas aí começam a rodar esse tipo de imagem:


 E eu me pergunto: as piadas contadas pelo carinha do CQC não são também formas de violência? Violências que não são diretas, que não são físicas, mas que também são violência pois naturalizam e banalizam a violência. Ele é o professor, que fala o que pode ser feito, e a moça é sua aluna, neste caso... Táh, a piada que ele fez nada tem a ver com violência animal. Mas machismo também não é violência? Sexismo, pedofilia?
Acho que não é só uma forma de violência moral, como a raíz de vários problemas de violência que existem hoje em dia. Porque o consumo de carne não é considerado violência e nem crime? Pois este ato foi naturalizado, há quem não consiga associar a carne do açougue com o porco do sítio. E a pedofilia? Será que não pode ser associada com a naturalização de sua prática por piadas como esta?
Enfim, fica pra reflexão. Esta foi a mensagem que deixei no facebook ao compartilhar a foto:
Pq NÃO concordo com essa foto: A propagação da violência da pessoa que matou o animal é só o aprendizado sendo colocado em prática da violência da pessoa que naturaliza o preconceito ou a violência através de piadas. CHEGA DE VIOLÊNCIA FÍSICA E MORAL!

domingo, 18 de dezembro de 2011

Questionamentos inocentes

Comecei a perceber algo em mim que chegou até a me assustar, incomodar. Estava desenterrando uns escritos antigos de minha gaveta, de quando comecei a fazer reflexões sobre alguns questionamentos da sociedade e vi que escrevia muito mais, colocava minhas reflexões no papel independente se estavam "boas" ou "ruins", se eram importantes ou não. As coisas ainda não me eram óbvias, estava descobrindo questões que não tinha parado pra pensar no tanto que me aprisionavam, e não queria parar de buscar e fazer questionamentos e o que era mais importante para mim, colocar no papel, independente se alguém iria ler ou não. Indo direto ao ponto, hoje assisto documentários como alguns desses que estão postados aqui, com assuntos que já li sobre, muitas vezes superficialmente, que acabaram se tornando comuns de certa forma, e óbvias demais para querer colocar em um blog e achar que alguém irá ler (como diz a Bah, "Nem sei quantas e quem são as pessoas que perdem seu tempo neste local."). Tenho a ferramenta onde pessoas que nem conheço podem ter acesso, mas não sei direito qual a melhor forma de usar e em quem vai chegar.
Milhares de assuntos são banalizados diariamente, passam despercebidos, e agora que eu poderia fazer reflexões e talvez repassar os "choques" que tomei no início, simplesmente travo, faço um verso ou outro, mas não é como antes, quando minhas pequenas reflexões pareciam tão inocentes, mas com uma grande dose de importância. Pergunto-me até que ponto e se estou deixando de lado os assuntos que considerava importantes como se já fosse óbvio a todos e me tornando apenas mais um que reflete, mas se esquece do que era no dia seguinte, como se nada tivesse acontecido. É um desabafo particular, podendo até ser chato de ler. Tento passar toda minha sinceridade na escrita e perdendo isso, a indagação "inocente", me faz questionar se não estou de alguma forma me acostumando com coisas que não eram pra se acostumar, em coisas que eu sabia que não eram pra se acostumar e sempre quis mostrar aos outros, mas acabei deixando passar, esquecendo que ainda tenho muito com o que me "chocar", mostrar, lutar. Agora talvez seja a hora de repensar e não deixar passar as questões que considerava óbvias aos meus olhos, pois ao dos outros podem não ser, como aos meus podem continuar não sendo. Trocar minhas lentes, até não mais precisá-las.


                                         
Sinopse: Apesar do nome sugerir, essa animação não apresenta uma única história, mas uma série de gags, às vezes relacionadas entre si. Baseado nas tiras da turma da Mafalda, personagem do argentino Joaquín Salvador Lavado, o Quino, o filme também é conhecido pelo nome adotado na Espanha: "El Mundo de Mafalda".Uma visão crítica do mundo dos adultos.

Lê.

domingo, 11 de dezembro de 2011

Olhos Azuis

Eu sei que enche o saco postar só vídeos, poucos textos, e pouca reflexão e minhas percepções sobre os vídeos. As vezes meu intuito é a reflexão de quem assiste, que pode gerar uma discussão, o que nem sempre rola porque também nem sei quantas e quem são as pessoas que perdem seu tempo neste local.
Quero me empenhar mais pra escrever mais textos, mais pensamentos, mais reflexões. Mas tem coisas que não podem passar batido. Esse vídeo abaixo me torturou bastante, torturou porque acho que é exatamente esta a intenção do vídeo, colocar as pessoas diante de uma pequena parcela de sofrimento que se submetem diariamente àqueles conhecidos como 'minorias'. É um vídeo que fala sobre preconceitos. Racismo principalmente, mas também machismo, homofobia, etc. Quanto ao método utilizado no vídeo pra que as pessoas com características físicas de 'dominantes' pudessem perceber, sentir, se tocar, de como é a vida de tantas pessoas que sofrem diversas formas de preconceito, no começo fiquei dividida: achei lindo por ela conseguir alcançar seu objetivo, mas ao mesmo tempo achei que ela pega pesado. Eu sofri junto! Sofri independente da cor dos olhos das pessoas que estavam alí. Porque todos alí, se até então não tinham algo pra contar, agora tem. Não consigo muito expressar em palavras a experiência de ver este vídeo, talvez porque ainda esteja digerindo ele, mesmo após alguns dias já terem se passado.
Olhos azuis, este vídeo não merece ser ignorado!



E só pra não passar batido, uma música foda!



Bah

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Sociedade Morta

“Uma máquina não pode sentir. Nunca fica com raiva. Não tem sede ou necessidade de dormir. Nunca tem medo. Não está feliz nem triste. Por definição, está morta e uma sociedade que é construída com máquinas está morta também”.


Parte 2
Parte 3
Parte 4
Parte 5


Lê.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Experimenta falar a verdade...

... experimenta??

Jornalista é demitida após soltar as seguintes frases num programa jornalístico:


Bah

Notas sobre "Admirável Mundo Novo" - Aldous Huxley

"As flores do campo e as paisagens, advertiu, têm um grave defeito: são gratuitas. O amor à natureza não estimula a atividade de nenhuma fábrica. Decidiu-se que era preciso aboli-lo, pelo menos nas classes baixas; abolir o amor à natureza, mas não a tendência a consumir transporte. - Admirável Mundo Novo - Aldous Huxley"





Notas sobre "Admirável Mundo Novo"

O livro escrito em 1932, por Aldous Huxley, é surpreendente. Talvez nem o próprio autor soubesse o quão próxima nossa realidade se tornou (e continua caminhando de encontro) ao futuro fictício traçado.
Não queremos através deste texto narrar o seu conteúdo, mas sim tentar traçar um paralelo entre a obra de Huxley e algumas 'coincidências' hoje vivenciadas.
Pra quem leu, acrescente suas idéias, comente, pire. Pra quem não leu, #FikaDica!

Sobre a Hipnopedia:

Hipnopedia ou "sleep-learning" é uma suposta técnica de aprendizado baseada na assimilação de conteúdo durante o sono (através da reprodução de um gravador, por exemplo). Apenas em 1956 pesquisas mostraram que este método é ineficaz.
Huxley utiliza este método em sua ficção como uma forma de ensinar livre do risco do desenvolvimento da capacidade crítica. Memoriza-se e reproduz.
Traçamos um paralelo entre a hipnopedia e a forte influência midiática sobre "formação" (ou cópia) de opinião. É fato que o grande latifúndio informativo age por interesses (e sabemos bem quais são estes interesses) e que não raramente usam de distorção dos fatos pra manipular telespectadores e atrair seguidores. E como bem diz aquela famosa frase atribuída a Joseph Goebbels (aquele compadre do camarada de bigodinho engraçado... Não o Chaplin!!! O outro!!!): "Uma mentira repetida várias vezes torna-se uma verdade".
Como exemplo, vemos o recente caso dos "alunos baderneiros anarquistas maconheiros" da USP versus a "gloriosa Polícia Militar". A mídia tecla tanto em cima disso (deu pra notar de que lado ela está?) que muitos apenas reproduzem seu conteúdo, sem questionar, sem se aprofundar no assunto, sem muitas vezes saber do que está falando. (É importante não generalizar a palavra "mídia", por isso o uso da expressão "latifúndio informativo", sobre as grandes corporações que detêm o controle e o poder da transmissão da informação em larga escala).

Além disso, fazendo uma linkagem entre o latifúndio informativo e seus interesses (econômicos?) difundidos através das informações diárias (vide Jornal Nacional e Cia ltda), com a questão da omissão da verdade e transmissão de mentiras, nota-se que essa omissão não é necessariamente ruim, pois em troca temos conforto, felicidades (por mais superficiais que sejam) como bem descreve Huxley nesta frase: “(...)nesse ponto, as pessoas estavam dispostas a deixar controlar até os seus apetites. Qualquer sacrifício em troca de uma vida sossegada. Desde então, nós temos continuado a controlar. Isso não foi muito bom para a 'verdade', sem dúvida. Mas foi excelente para a ‘felicidade’.”
Conformismo?? Individulidade??


Como a Hipnopedia foi remodelada para os dias de hoje:

Se repararmos bem, a LUZ fascina a humanidade. Desde os tempos primórdios os humanos se reúnem em torno da fogueira, hoje, em torno da televisão (fonte de luz - substituição da fogueira). A televisão deixa as pessoas num estado letárgico. Elas estão acordadas, e por isso, a hipnopedia é possível, a absorção do ponto de vista externo é feito com a pessoa acordada, mas, passiva. Seria ingenuidade acreditar que os produtores por trás da televisão não conheçam este poder.

Também nota-se como, nas repetidas frases de hipnopedia, se fala sobre o trabalho. Como bem coloca Paul Lafargue em seu livro "Direito à Preguiça", que defende que o trabalho foi sacrosantificado (Em vez de ragir contra esta aberração mental, os padres, os economistas, os moralistas sacrossantificaram o trabalho). Mais uma coincidência?


Sobre a Divisão de Castas:

Na sociedade de Huxley todos são filhos de proveta, feitos para sua classe social. Hoje, não existe isso, mas, podemos observar uma "endogamia social" que gera um efeito - não tão determinista, mas, marcante - As escolas de ricos-classes médias - classes baixas não são as mesmas, os empregos não são os mesmos, os ambientes de lazer não são os mesmos. É quase uma regra que as pessoas se envolvam com outras de mesma classe social. Inclusive, relacionamentos que envolvam pessoas de classes sociais diferentes muitas vezes são mal vistos pelas famílias e amigos dos envolvidos. Quanto a separação de castas no ambiente de trabalho é feita a partir de uniformes. A ausência total de uniforme marca a elite, o branco a classe média e técnicos, as outras cores o operariado.

No livro, encontramos um exemplo que se assemelha com o relacionamento "inter-classe":
Nota-se a insatisfação da personagem de Bernard Marx com seu próprio corpo. Ele é um ALPHA, ou seja, um privilegiado, uma casta superior. Porém, seu físico não é de um ALPHA, ou seja, ele não se enquadra ao padrão de beleza de sua "espécie", e sofre por isso. Há quem diga que na sua criação, por engano, colocaram álcool em seu pseudo-sangue, algo não normal para um ALPHA, mas comum em outras castas. Será que ele é... MISCIGENADO?


Sobre a Questão Sexual:

Deixar a pessoa imatura, mais preocupada com "quem vai sair", com "onde vai se divertir" do que pensar na vida. A estabilidade emocional é perigosa. Criemos uma sociedade de depravados sexuais, cujas mentalidades sempre serão adolescentes. Outro paralelo com a realidade?

"Aí delícia, aí delicia, assim você me mata"

 Afinal, apesar da falsa sensação de liberdade, não é a população que escolhe seus gostos (a hipopedia televisiva o faz).


Sobre a SOMA:

Não dá pra não comparar a droga SOMA, comprimidos de fuga da realidade, de conformidade, com a Televisão.
Os comprimidos foram muito bem pensados, pra impedir que o pensamento crítico viesse à tona. Um pouco de "Fantástico, o show da vida", onde intercala-se uma notícia ruim, seguida de uma notícia boa pra anestesiar o choque da ruim... Que lógica fascinante!


Sobre o consumo:

Nota-se em nossa sociedade atual que o consumo é uma válvula de escape pra muitas decepções, frustrações, e as ditas ‘doenças da pós-modernidade’.  Assim como no pós 11 de Setembro, onde o então presidente estadunidense Bush aconselhou que as pessoas... consumissem (o que se poderia pensar após um ataque que mataria quase 3.000 pessoas se não sair e fazer compras?) Huxley já descrevia em seu livro: “Imaginem que tolice, permitir que as pessoas se dedicassem a jogos complicados que não contribuíam em nada para aumentar o consumo. Atualmente, os administradores não aprovam nenhum jogo novo, salvo se se demonstrar que ele necessita, pelo menos, de tantos acessórios quanto o mais complicado dos jogos existentes.”
Só me questiono se de fato toda essa produção tecnológica que nos mantém em constantes confortos e felicidades superficiais não cumprem um papel inverso, de aprisionamento. Vide como uma criança olha estagnada para um aparelho celular, e as brincadeiras de rua quase em extinção...
Mais uma dose (de soma) é claro que eu to afim...


Após a leitura do livro, cuja trama se desenvolve pela inserção de um "selvagem" nesta sociedade artificial, fica um vazio. Huxley te dá e te toma. Te dá muito o que pensar e te toma o sossego. Não precisamos concordar com seus pontos de vista sobre a sociedade para admirar Huxley, ele foi um visionário com maior poder de previsão que Nostradamus, mãe Diná e qualquer horóscopo, e a prova disso são os inúmeros paralelos que podemos traçar com a realidade (paralelos que não se resumem aos citados, ao contrário, vão muito além).

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Abaixo, uma pequena entrevista com o autor do livro.




Postagem resultado da colaboração de Natureza Artificial e Coletivo Krisis

Bah

domingo, 4 de dezembro de 2011

Obsolescência Programada

Você já ouviu falar em obsolescência programada?? Já parou pra pensar porque muitas vezes sai mais caro consertar um aparelho onde uma única e mínima peça foi quebrada do que comprar todo um aparelho novo?? Já parou pra pensar de onde vem tudo o que consumimos?? E pra onde vai todo o lixo que é diariamente descartado?? Já pensou no que está por trás disso tudo??
Dois vídeos para reflexão sobre estes questionamentos.




Bah

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

A Ilha da Mídia






Este post foi descaradamente roubado do Coletivo Krisis. Pois acredito que a informação, que nesse caso não vem em nome de nenhuma família, mas sim daqueles que não tem voz, deve ser passado para frente.

Bah