sábado, 16 de março de 2013


Pedaços de corpos femininos nos pratos

A vaca não tinha liberdade
Há muito já havia coisificado-se...
Não, não!
Coisificaram-na.

Condição imposta
Arrancaram-na de sua natureza
Arrancaram-na os filhos
Anêmicos pois arrancaram seu leite

Atrofiações mamárias
Exploração do corpo
Comércio de seus órgãos
Adaga em seu pescoço

Sangra
Sangra
Sangra
Ainda em vida
Sangra
Sangra
Sangra
Pendurada por sua pata traseira
Sangra
Sangra
Sangra
É jogada numa piscina de águas borbulhantes
Sangra
Sangra
Sangra
E já não há mais o que sangrar.

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Sandra

A vaca não tinha liberdade
Há muito já havia coisificado-se...
Não, não!
Coisificaram-na.

Assovios seguidos de palavras escrotas
Rebaixada ao órgão genital
Estuprada, violentada, assassinada
Pedaços vendidos em revistas
Outdoors, publicidade
Padronizada
Se não enquadrada, excluída

Vaca, gorda
Feia, piranha
Vadia, biscate
Puta, vagabunda

Sangra
Sandra
Sangra
Violentada psicologicamente
Sangra
Sandra
Sangra
Violentada fisicamente
Sangra
Sandra
Sangra
Violentada diariamente
Sangra
Sandra
Sangra
E já não há mais o que sangrar.


Bah

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Vasos sanitários rosas e azuis
Cores deterioradas pelas descargas que corroem as tintas e levam a bosta da segregação genitália pro esgoto.

A placa do banheiro exercendo o papel totalitário de separação de gênero
Linguagem opressora e dicotômica
Ele ou ela? Homem ou mulher? Hétero ou viado? Lady ou bofe?
E porque isso importa?

Discursos reproduzidos pelas escolas, tvs, igrejas, pela moral conservadora que engaveta, classifica e descarta

Chega de reprodução de discurso
Chega de imposição de gênero
A liberdade tem que deixar de ser mero discurso e se efetivar no desejo do comportamento

O 3° Banheiro é a institucionalização do gueto.
Laerte-se!


Bah

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Mercado de corpos - Parte II


É uma brincadeira de boneca,
num dia nublado de mais nada.
É apenas uma bancada.
É a espera
que desespera.
A vida que cansou de esperar.
Mais um corpo caiu
para  relembrar do que esperávamos.
Aquele corpo que não é mais seu.
Nunca foi.
 
Vem um frio que esquecemos,
que um dia precisava do aquecer,
não do esquecer.
O corpo não se desmanchou de imediato
pois estava muito bem enterrado,
como aqueles que não podiam transparecer.
Não me traga o sol agora,
eles ainda precisam dizer.
Mas existiram?
Quem são eles?
(ex-)istiram.
Vivos.
Mortos.
Morto-vivo.
Tanto faz.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Mercado de corpos - Parte I


Sinta o peso desse corpo.
Ele vale muito quando o querem,
no mercado de corpos,
e nada quando a culpa só pertence,
à seu dono.
Ah! O dono!
Quem é mesmo?
Retalhem-no se for preciso.
Costure em seu próprio
e sinta.
Sinta o peso.
Retire o gozo
e vá.
Leve-o.
Tranque em prisões de leis,
de tradições.
Depois diga à todos,
do alto do seu castelo,
que a culpa era dos retalhos
costurados
que não faziam parte
dos seus.

Lê.

sábado, 2 de junho de 2012

Liberdade!?


Um convite à liberdade


“Deve existir nos homens um sentimento profundo que corresponde a essa palavra LIBERDADE, pois sobre ela se têm escrito poemas e hinos, a ela se têm levantado estátuas e monumentos, por ela se tem até morrido com alegria e felicidade.

Diz-se que o homem nasceu livre, que a liberdade de cada um acaba onde começa a liberdade de outrem; que onde não há liberdade não há pátria; que a morte é preferível à falta de liberdade; que renunciar à liberdade é renunciar à própria condição humana; que a liberdade é o maior bem do mundo; que a liberdade é o oposto à fatalidade e à escravidão; nossos bisavós gritavam "Liberdade, Igualdade e Fraternidade! "; nossos avós cantaram: "Ou ficar a Pátria livre/ ou morrer pelo Brasil!"; nossos pais pediam: "Liberdade! Liberdade!/ abre as asas sobre nós", e nós recordamos todos os dias que "o sol da liberdade em raios fúlgidos/ brilhou no céu da Pátria..." em certo instante.

Somos, pois, criaturas nutridas de liberdade há muito tempo, com disposições de cantá-la, amá-la, combater e certamente morrer por ela.

Ser livre como diria o famoso conselheiro... É não ser escravo; é agir segundo a nossa cabeça e o nosso coração, mesmo tendo de partir esse coração e essa cabeça para encontrar um caminho... Enfim, ser livre é ser responsável, é repudiar a condição de autômato e de teleguiado é proclamar o triunfo luminoso do espírito. (Suponho que seja isso.)

Ser livre é ir mais além: é buscar outro espaço, outras dimensões, é ampliar a órbita da vida. É não estar acorrentado. É não viver obrigatoriamente entre quatro paredes.
Por isso, os meninos atiram pedras e soltam papagaios. A pedra inocentemente vai até onde o sonho das crianças deseja ir (Às vezes, é certo, quebra alguma coisa, no seu percurso...)

Os papagaios vão pelos ares até onde os meninos de outrora (muito de outrora!...) não acreditavam que se pudesse chegar tão simplesmente, com um fio de linha e um pouco de vento! ...

Acontece, porém, que um menino, para empinar um papagaio, esqueceu-se da fatalidade dos fios elétricos e perdeu a vida.

E os loucos que sonharam sair de seus pavilhões, usando a fórmula do incêndio para chegarem à liberdade, morreram queimados, com o mapa da Liberdade nas mãos! ...

São essas coisas tristes que contornam sombriamente aquele sentimento luminoso da LIBERDADE. Para alcançá-la estamos todos os dias expostos à morte. E os tímidos preferem ficar onde estão, preferem mesmo prender melhor suas correntes e não pensar em assunto tão ingrato.

Mas os sonhadores vão para frente, soltando seus papagaios, morrendo nos seus incêndios, como as crianças e os loucos. E cantando aqueles hinos, que falam de asas, de raios fúlgidos linguagem de seus antepassados, estranha linguagem humana, nestes andaimes dos construtores de Babel...”

Por: Cecília Meireles



domingo, 29 de abril de 2012

A miséria da fome


Imagens e reportagens sobre miséria e fome, são transmitidas vez ou outra na TV, deixando até certo desconforto ao ver e logo isso passa com outras notícias menos importantes. A questão continua. A população cresceu tanto que não tem alimentos para todos? Como os alimentos são distribuídos? Quem controla toda a produção?  Qual a solução para a fome? Ou ainda os mais apáticos, o que temos a ver com isso? Inúmeras questões sem respostas quando o que vale é o lucro e essas não são debatidos depois das cenas de crianças em meio à miséria no conforto de nossos sofás, seguidos de propagandas para emagrecer. O que está por trás é muito mais cruel e tem se perpetuado ao longo dos anos se naturalizando e invertendo os reais valores.

Sua história é antiga. O ser humano nômade em busca de comida, depois a agricultura de subsistência, e por fim líderes no poder controlando, oprimindo, dominando os que achavam serem inferiores gastando mais com armamento e não investindo na alimentação. Algo mudou? Desigualdade social, conflitos armados, monocultura, lucro para uma minoria é o que impera.


Danos irreparáveis ao meio ambiente, matas sendo devastadas para expansão agrícola com a maior parte delas improdutíveis, apenas para especulação imobiliária, e quando produzem usam os solos até empobrecer, abusam e abandonam a natureza indo explorar novos espaços.

Revoluções tecnológicas enganosas dizendo ser para a fome acabar. Agrotóxicos, transgênicos, semente híbrida sem nutriente goela abaixo nos foi imposto, junto a doenças de origem alimentar.
Maior parte da agricultura mundial é voltada para a produção de ração animal, muitos deles geneticamente modificados com um cruel tratamento, sendo que essa carne é acessível a uma pequena parcela da população esbarrando em questões políticas econômicas lideradas por grandes empresas com o mínimo de interesse se a distribuição é justa, deixando milhões morrer para que somente alguns vivam. Expulsaram pequenos produtores de suas terras tendo que morar em míseras condições na cidade. O alimento orgânico, a simplicidade, todo o conhecimento agrícola adquirido em séculos destruídos em segundos. Famoso sistema mais conhecido como agronegócio.


O ser humano que diz ter evoluído se colocando em primeiro lugar, esqueceu-se da ética, deixando que a tecnologia impere sua vida, se enganando em afirmar que resolveria todos os problemas de um mundo capitalista e seu individualismo de massa que perdeu a essência coletivista. Direitos humanos para que e para quem?
A miséria parece ser a mãe da fome, não deixando que se separem. Ela mata, mas não morre.  Promessas mascarando promessas junto ao assistencialismo barato para mortos de fome que os julgam como sem compromisso nesse jogo chamado vida e por isso há de tanto esperar. Nosso dia também há de chegar, porém a fome que sentiremos será outra, de amar.



Lê.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

é assim mesmo?!

Quando um extraterrestre chega no Planeta Terra, é necessário que uma vida inteligente (hein?!) lhe explique como funcionam as regras deste paraíso do progresso... A explicação se encontra no vídeo abaixo:



De forma um pouco mais bem humorada, daqueles que talvez te façam rir e esquecer das preocupações reais, o filme abaixo segue mais ou menos o mesmo caminho.







Sinta-se a vontade e entenda qual é a peça que você está sendo conduzido neste jogo chamado vida.
Depois de descobrir seu papel, qual será o próximo passo a ser dado?