domingo, 14 de agosto de 2011

A Universidade 1984

É assim, a gente nasce, cresce, brinca pouco, vai pra escola. Creche, Pré, Ensino Fundamental, Ensino Médio, esses quase que obrigatoriedade para conseguir no mínimo ser alguém pra trabalhar num supermercado. Mas você pode mais que isso, você pode ser alguém com alguma especialização. Aí entra a tão sonhada e cobrada universidade. E lá vamos nós.
Temos que escolher um curso, algo que não só gostaríamos de trabalhar (trabalhar, a universidade serve não como um prazer de conhecimento, mas uma obrigação pra entrar no mercado de trabalho, produzir, consumir, comprar e rodar a máquina capitalista) mas também algo que... dá dinheiro. É a lógica.
Beleza, já encontramos um ponto negativo nessa história de ser alguém. A função da universidade como caráter trabalhístico, apenas.
Eis que entramos pra faculdade e lá, o que nos ensinam, é a questão da competitividade. E olha, se você é um alguém do senso comum, involuntariamente você será uma marionete desse pensamento.
Pensamentos como 'você tem que ser o melhor no que faz'; 'você tem que sair daqui como patrão e não como empregado'; 'aproveite enquanto seus amigos não aproveitam as aulas porque lá fora você vai sair por cima', e etc. Uma lavagem atrás da outra.
Os alunos vão ao delírio. Como essa idéia é fortemente impregnada e aceita, sem questionamento. Bom, isso tudo sem falar sobre a questão do lucro, que na verdade já está embutida de forma explícita (ou não) nestes dois contextos falados, a universidade como finalidade de emprego, e a idéia de competitividade.
Obviamente não tem como fugir muito da questão do emprego, do lucro, afinal, vivemos numa sociedade da ditadura do capital. Dinheiro temos que ter, pra (sobre)viver. Lucro é uma opção, muito desejável aliás, pela grande maioria, e isso vem no pacote da competitividade.
E eu que achava que a faculdade deveria ter um caráter de questionamento, de reflexão, de saída do senso comum e conhecimento do senso crítico. Me enganei, e só consigo ver que essa instituição não passa de um Big Brother Brasil. Até câmeras tem.

Cena do filme '1984'

*Gostaria de deixar registrado que este post eu fiz baseado na graduação que faço atualmente, Design Gráfico. Em posteriores conversas com algumas pessoas que fazem cursos de humanas, como história, filosofia e ciências sociais, percebi que essa característica unilateral não se faz presente em todos os cursos! Ufa, que alívio!

Bah

Um comentário:

  1. Puta texto foda... muito bom...

    é bem essa a lógica... depois da graduação, o mestrado, o doutorado e o fim da vida... pq é isso...
    a gente nasce, cresce, se reproduz e morre...
    e aí a gente percebe que todo nossa existência não foi em função de nós mesmos...
    8h. por dia de trabalho, algumas horas pro estudo e outras pro descanso...
    que eu me lembre ninguém me perguntou se eu concordava com isso...

    Amanda.

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