- Criminalizar a homofobia através da aprovação do PL 122.
Através de um Café Filosófico sobre o tema Homossexualidade, feito por um padre e um frei que escreveram um livro sobre o tema, pude perceber o quanto a igreja católica "evoluiu" nesse ponto. Não gosto da palavra evolução, mas na falta de uma melhor, esta serve. Pude perceber que existem pessoas dentro da igreja que aceitam e respeitam como algo natural ao ser humano, e não mais patologicamente nem "espíritomaliguinamente". Eu, que tinha uma visão extremamente generalizada sobre os cristãos católicos, ignorando totalmente a individualidade do ser em sua capacidade autônoma de livre-pensamento, fiquei extremamente surpreendida em saber que existem seres "superiores", segundo a hierarquia da religião, que encaram esse tema com tanta naturalidade e sem imposições homofóbicas; muito pelo contrário, lutam para que a homofobia seja cancelada dentro das igrejas. Bom, discordei de vários posicionamentos dos padres, principalmente quando entra na questão de gênero, mas não é nisso que quero me focar agora. Durante a dialética entre os participantes, alguém questionou ao padre qual seria o papel do Estado em relação aos casos de violência homofóbica. O padre (e não só ele, pois alguns concordaram) deu como solução ao caso a aprovação do PL122 que criminaliza a homofobia e pune os homofóbicos que agem violentamente. Num outro momento, uma mulher cristã deu seu "testemunho" sobre um filho homossexual que ela tem. Disse que começou a perceber que ele era "diferente" já quando era criança, quando preferia brincadeiras "femininas" às "masculinas'.
Bom, antes de mais nada, gostaria de deixar claro que não sou contra o PL122. Mas de fato não acredito na efetividade de uma lei como solução de um problema. Na verdade essa lei tem um caráter posterior, ou seja, se aplica após o crime ser cometido. Também não sou contrária à idéia de impunidade, mas confesso não ter um posicionamento concreto em relação "ao que fazer com um 'criminoso'". Não vejo cadeias como algo solucionável, na verdade vejo as cadeias como parte do problema.

Enquanto esse tipo de comportamento sexista e heterossexista for uma imposição comportamental, com certeza não será uma lei que vai solucionar o problema. O problema continuará existindo e continuaremos nos tratando de forma diferenciada, sem que se conheça o respeito.
Bah
Legal! Também me surpreendeu esse pessoal da ICAR querer a criminalização da homofobia.
ResponderExcluirAo contrário de ti eu quero que essa lei seja aprovada o mais rápido possível. Acredito no questionamento e desconstrução, mas acho que lutar pelo fim da homofobia através da conscientização apenas é uma ideia utópica. Quer dizer, tem (muita) gente que não vai nem tentar refletir, vai se agarrar a uma tradição qualquer e pronto, e acho justo que essas pessoas se sintam forçadas a agir com menos homofobia simplesmente por medo de ir presas... Se essa geração fingir que não é preconceituosa, as próximas gerações tendem a ser cada vez menos preconceituosas de verdade, por falta de contato com o preconceito naturalizado, né?
Abraço, Mariana
Mariana, como eu disse, não sou contrária ao PL122, muito pelo contrário. O que quis dizer, e parece ter ficado meio confuso o entendimento já que meus textos são confusos haha é que não vejo efetividade de fato se pensarmos APENAS no PL122 como solução pra um problema. Acredito que mexer na raíz da questão o alvo é atingido mais em cheio, e esses dois passos tem de ser pensados juntos. agradeço pelo comentário e digo mais, essa sua última frase me colocou a refletir (Se essa geração fingir que não é preconceituosa, as próximas gerações tendem a ser cada vez menos preconceituosas de verdade, por falta de contato com o preconceito naturalizado, né?)
ResponderExcluirBjuss
Sei que tu não és contra a Lei, isso fica muito claro pelo raciocínio, hehehe. Também acho que olhar e consertar as causas do problema seja importante. Apenas discordo na parte prática, digamos. Quer dizer, se das duas atitudes necessárias uma precisasse ser mais estimulada, eu escolheria a aprovação da lei, porque então as instituições seriam literalmente obrigadas por lei a repensar o preconceito. Mas provavelmente é uma ideia meio pretensiosa da minha parte, com essa bancada conservadora doida. Talvez discutir seja o único jeito de conseguir pressão popular suficiente.
ResponderExcluirEu li esse raciocínio das gerações em algum lugar, pena que não consigo lembrar onde... Tenho a impressão de que foi numa entrevista com alguém grandão do feminismo, mas não tenho certeza. Quando lembrar comento aqui então! hehe.
Abraço, e desculpe a demora pra voltar! :P