segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

A pior violência

Sempre rodam no facebook fotos de ativismo virtual. Pessoas revoltadas com guerras, violências, manipulação midiática. Logo, todo mundo se torna ativista de várias causas.

Recentemente tem rodado uma de uma moça que matou um cachorro. O facebook em peso se colocou contra o assassinato do animal. Claro, realmente é revoltante ver esse tipo de coisa e a impunidade (o que seria 'adequado' fazer neste caso??) rolando solta. Mas aí começam a rodar esse tipo de imagem:


 E eu me pergunto: as piadas contadas pelo carinha do CQC não são também formas de violência? Violências que não são diretas, que não são físicas, mas que também são violência pois naturalizam e banalizam a violência. Ele é o professor, que fala o que pode ser feito, e a moça é sua aluna, neste caso... Táh, a piada que ele fez nada tem a ver com violência animal. Mas machismo também não é violência? Sexismo, pedofilia?
Acho que não é só uma forma de violência moral, como a raíz de vários problemas de violência que existem hoje em dia. Porque o consumo de carne não é considerado violência e nem crime? Pois este ato foi naturalizado, há quem não consiga associar a carne do açougue com o porco do sítio. E a pedofilia? Será que não pode ser associada com a naturalização de sua prática por piadas como esta?
Enfim, fica pra reflexão. Esta foi a mensagem que deixei no facebook ao compartilhar a foto:
Pq NÃO concordo com essa foto: A propagação da violência da pessoa que matou o animal é só o aprendizado sendo colocado em prática da violência da pessoa que naturaliza o preconceito ou a violência através de piadas. CHEGA DE VIOLÊNCIA FÍSICA E MORAL!

3 comentários:

  1. A violência moral é para a maioria invisível, não percebem que é a raiz dos problemas. Estou percebendo que praticamente todos os posts desse blog tem uma relação com o nome do mesmo. Qual será a próxima "naturalização"?
    Lê.

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  2. Sobre a imagem, é assim que as coisas são, a lógica sem lógica que faz com que absorvamos informações absurdas... Quiseram dizer que temos que escolher entre Jesus e Barrabás? Condenar um para soltar outro? Não entendi o propósito da imagem...

    Quanto a análise da violência, não posso concordar. Não consigo concordar com esse dualismo: violência é bom ou mau, ou, como é o caso, natural ou anti-natural.

    A violência descabida, dos dois casos citados, não pode ser comparada com a violência do Palestino que defende sua terra ou a do homem que protege sua casa de um invasor. Não é o repúdio às formas violentas de resistência que permite que uns poucos dominem tantos?

    Não posso me considerar contra a violência de modo geral... Isso seria aceitar que eu sou um cachorro e devo superar a surra do Estado com o rabo entre as pernas, na esperança de ganhar um ossinho depois.

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  3. Buriti, to devendo ainda a leitura daqueles textos sobre a não-violência.

    Acho que a violência que você defende seria uma espécie de violência defensiva.
    Não que eu discorde de você, mas violência nos casos citados acima e no meu ver de violência, como sendo gratuita, são casos de repúdio. Seria lindo se não tivéssemos nenhuma delas... Utopia talvez?

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